Patrimônios podem virar ruínas

|

Há 82 anos, uma cena colocava abaixo uma das primeiras tentativas de preservar monumentos históricos em Pernambuco. Naquela época a falta de informação e consciência sobre a importância de bens patrimoniais talvez explicasse o que sucedeu. Em 1928, o governo de Pernambuco criou uma lei para preservar seus monumentos. A casa-grande do Engenho Megaípe, no município de Cabo de Santo Agostinho, foi um dos primeiros a integrar a lista de edifícios com valor histórico. Ao saber da lista, o senhor do engenho mandou dinamitar a edificação. A cena que se repetiu, em pleno século 21, com a derrubada do Engenho São Bartolomeu, em Jaboatão dos Guararapes, no último domingo, mostra a fragilidade da legislação na proteção de bens tombados ou não.




O Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) só foi criado quase 10 anos depois que o Megaípe virou ruínas. De lá para cá, já se passaram 73 anos e apenas um engenho no estado foi tombado na esferal federal, o engenho Poço Comprido, em Vicência, na Zona da Mata Norte. Um inventário do que resta na área de engenhos começou a ser feito pelo Iphan desde 2008. Até agora foram identificados 443 bens, entre engenhos e ruínas passíveis de tombamento federal e que ainda estão em risco. O trabalho, ainda não concluído, foi feito em apenas cinco municípios do litoral Sul e parte da Zona da Mata.



A corrida para tentar salvar esses bens patrimoniais esbarra na falta de entendimento sobre a legislação de tombamento. "Mesmo com essa documentação os bens só passam a ser protegidos com o início do processo de tombamento. Se nesse intervalo houver algum dano ao patrimônio não há nada que possamos fazer, como no caso do São Bartolomeu que, sequer, tinha começado o processo por parte da Prefeitura de Jaboatão", revelou o superintendente do Iphan, Frederico Almeida. Já se os bens tombados forem danificados, os responsáveis podem responder civil e criminalmente. De acordo com o decreto federal 25/37, as multas variam de R$ 10 a R$ 500 mil . "Nos danos irreparáveis pode haver até prisão", afirmou Almeida.



Entre os engenhos ainda desprotegidos no estado estão o Tabatinga, Novo da Conceição e Iguape, no município de Vicência. Outros dois inventários, na esfera estadual, também tentaram registrar o que há de valor no estado e precisa ser preservado. O primeiro levantamento feito em 1978 pela Fundação do Desenvolvimento Municipal (Fidem), identificou na época apenas 87 bens. "O critério naquela época era outro e muitos bens ficaram de fora, inclusive o Engenho São Bartolomeu", explicou a pesquisadora Nazaré Reis, da Fundarpe. O segundo inventário do Plano de Preservação dos Sítio Históricos do Interior, em 1982, identificou mais 86 patrimônios. Nos dois casos não se sabe o que ainda se mantém preservado.



"Teremos que atualizar essas informações e dar início ao processo de tombamento antes que o nosso patrimônio se perca ainda mais", revelou a diretora de patrimônio da Fundarpe, Célia Campos. A arquiteta Sylvia Tigre, que também participou da elaboração do segundo inventário, fala com tristeza do que já havia se perdido há mais de 20 anos. "O acervo azulejar, por exemplo já tinha sido praticamente dizimado. Eu não quero nem saber como está a situação hoje que dá uma dor no coração", revelou.



Para o arquiteto José Luís da Mota Menezes será preciso um melhor entendimento sobre a legislação de tombamento, do contrário o patrimônio ficará vulnerável à ira dos proprietários. "Há uma grande confusão sobre o objetivo do tombamento, que é o bem classificado. É estranho para muita gente saber que o seu bem vai ser tombado sem entender o seu significado", afirmou. A percepção que se tem, segundo o arquiteto, é apenas sobre as restrições. "Eles não têm orgulho de saber que o seu bem é especial e por isso foi classificado. Acho que falta um melhor esclarecimento por parte dos órgãos e uma flexibilização quanto às restrições", ressaltou.



Por: Tânia Passos (Diário de Pernambuco)
FONTE:VICENCIA VIP

Plavras do Blogueiro...

Quando vi a imagem do engenho Tabatinga,aqui em Vicencia,me senti muito triste,tendo em vista que eu fui batizado às margens daquele engenho,na aguas da barragem de Murupé,anos atrás.Espero uma solução para aquele engenho!!!

0 comentários:

Postar um comentário

 

©2009 Angélicas VIP® | Template Blue by TNB